quinta-feira, 6 de agosto de 2015

365 dias extraordinários - O livro de preceitos do Sr. Browne


O livro é totalmente do bem!

Com preceitos positivos, leves para praticar sempre a gentileza, para ter uma vida mais alegre.

Um professor apaixonado pela sua profissão e por preceito (recomendado como regra e ensinamento) tem a idéia de reunir vários preceitos em um livro.

Na dúvida sobre quais preceitos incluir, decidiu focar em temas particularmente relevantes para crianças: bondade, caráter, superação de adversidades ou, simplesmente fazer o bem para o mundo, ele pede para que seus alunos envie para ele por correio frases durante as férias, não importa se de autoria própria ou copiadas. O que vale é o foco das boas atitudes.

De quebra ao final de cada mês podemos nos deliciar com os textos que sempre deixam algum ensinamento.

Aqui o primeiro deles, do mês de Janeiro.

Os ensinamentos da caixa de areia

Eis aqui um segredo, crianças: seus pais passam muito tempo de sua infância ensinando vocês a serem educadas porque o mundo - e isto é cientificamente comprovado - é mais gentil com pessoas educadas. Não se esqueça de pedir por favor, dizemos a vocês. Comporte-se. Diga obrigado. Essas são virtudes básicas. Nós as ensinamos porque são lições boas a ensinarem. E queremos que as pessoas gostem de vocês.

Quando vocês chegam ao ensino fundamental II, porém, nossas prioridades parecem mudar. Seja bom na escola. Passe de ano. Estude mais. Já terminou o dever de casa? É nisso que tendemos a insistir nessa época. Em algum ponto do caminho, deixamos de enfatizar aquelas virtudes básicas. Talvez porque supomos que já as tenham aprendido. Ou talvez seja porque há muitas outras lições que queremos que aprendam. Ou talvez, apenas talvez, seja porque há uma lei tácita sobre os alunos do ensino fundamental II: é mais difícil serem gentis. O mundo pode preferir crianças educadas, mas os adolescentes parecem não gostar muito delas. E nós, pais, ansiosos por ver vocês superarem esses anos de O senhor das moscas, muitas vezes fechamos os olhos e algumas coisas cruéis, que passam como normais.

Pessoalmente, não acredito nessa história de que todas as crianças atravessam uma "fase ruim". Na verdade, acho que isso é bobagem! Sem dizer um tanto ofensivo para as crianças. Quando converso com pais que - entanto justificar  alguma maldade que os filhos fizeram - me dizem "O que podemos fazer? Crianças são assim", tenho que me segurar para não atuar uma pulseirinha da amizade na cabeça deles. 

A questão é: com todo o respeito, pessoal, não acho que vocês, crianças, sempre estejam prontas para entender as coisas sozinhas. Às vezes muitas crueldades desnecessárias acontecem enquanto vocês tentam descobrir quem querem ser, que é amigo e quem não é. Hoje em dia, os adultos passam muito tempo falando sobre bullying nas escolas, mas o verdadeiro problema não é tão óbvio quanto um garoto jogando refrigerante na cara de outro. A questão é o isolamento social. São as piadinhas cruéis. É o modo como as crianças tratam umas às outras. Já vi com meus próprios olhos até onde dois velhos amigos podem ir ao se voltarem um contra o outro: às vezes parece que não é o suficiente cada um seguir o seu caminho - eles realmente precisam dar um gelo um no outro para mostrar aos novos amigos que os dois não se dão mais. Esse é o tipo de situação que eu acho inaceitável. Muito bem, não sejam mais amigos: mas façam isso de um jeito legal. Sejam respeitosos. É pedir muito?

Não. Acho que não.

Todos os dias, às três e dez da tarde, meus alunos do quinto ano saem correndo da Beecher Prep no fim da aula. Os poucos que moram perto vão andando para casa. Outros pegam ônibus ou o metrô. Muitos, entretanto, vão embora com os pais ou as babás. A questão é que, de qualquer modo, a maioria dos pais não permite que os filhos andem soltos pela cidade sem que saibam onde e com quem estão e o que estão fazendo. Por que isso? Porque ainda são crianças! Então por que deveríamos deixar crianças vagarem livremente pelo desconhecido território do ensino fundamental II sem nem um pouco de orientação?

Vocês, crianças, são levadas a enfrentar situações sociais todos os dias - o código do refeitório, pressão dos colegas, relacionamento com professores. Alguns fazem isso muito bem sozinhos, definitivamente! Mas outros - vamos ser honestos - não. Alguns de vocês ainda precisam de uma ajudinha para se virar.

Então não se irritem conosco por tentarmos ajudar vocês com isso. Sejam pacientes.  É sempre difícil, como pai ou mãe, encontrar o equilíbrio perfeito entre intervenção demais e de menos. Então peguem leve com a gente. Só estamos tentando ajudar. Sempre que lembramos aquelas virtudes básicas que lhes ensinávamos quando eram pequenininhos e ainda brincavam em caixas de areia, é porque "comportar-se"não é uma coisa que termina só porque entraram no ensino fundamental II. É algo de que precisam lembrar todos os dias enquanto andam pelos corredores da escola, a caminho de se tornarem adultos.

A verdade é a seguinte: há muita nobreza escondida dentro de vocês. Nossa tarefa como pais, educadores e professores é nutri-la, trazê-la à tona e fazê-la brilhar. 

                                                                                                                     Sr. Browne