quarta-feira, 14 de outubro de 2015

A melhor definição para Amor - Amor é decisão e compromisso


(Texto retirado do livro - O que realmente importa? - Anderson Cavalcante)

A melhor utilidade que se pode dar à vida é amar.
A melhor expressão do amor é o tempo.
O melhor momento para amar é agora.

Rick Warren

Falar de amor é algo que me fascina porque penso que o amor é a base de tudo. Estamos o tempo todo rodeados de gente, e o amor é o valor mais forte que nos une a nossos semelhantes.

O amor é capaz de nos elevar e dar sentido à nossa vida. So por amor somos capazes de grandes festos. Só por amor somos capazes de perdoar o que for preciso. Só por amor nos colocamos em segundo plano para priorizar a necessidade de outro. Só com o amor somos capazes de sentir a dor do outro e nos irmanarmos com ele.

O amor é a base da família, dos relacionamentos, da sobrevivência  da humanidade, porque sem amor à natureza, por exemplo, não teríamos chegado até aqui.

Mas a prática do amor requer que saibamos que esse sentimento pode se manifestar de muitas formas, em diferentes estados e intensidades, exigindo de nós um aprendizado constante.

O amor materno ou paterno, por exemplo, se manifesta em uma ligação tão misteriosa e extraordinária que mal sabemos explicá-lo com palavras, como se o laço de sangue que une os seres humanos dispensasse explicações. É como dizem nossos pais: só compreendemos a grandeza desse amor quando temos filhos.

Talvez esse amor seja assim tão sublime por que é, no fundo, um amor a si mesmo. Amamos em nossos filhos a nossa centelha ali depositada. Eles são a nossa continuidade. Talvez seja essa a fonte do amor que nutrimos por eles. Não é a toa que esse é o único amor incondicional. Afinal, é pelo amor materno e paterno que nos eternizamos!

Mães e pais parecem adquirir de forma mágica a capacidade de demonstrar amor com um simples olhar, capaz de nos acolher, de nos acalmar, de sentir nossa dor e nossa alegria, mesmo que não possamos traduzir esses sentimentos em palavras. Não deixo de me espantar com essa capacidade humana de compreender e de se doar com tanta grandeza e generosidade.

Pai e mãe são capazes de educar sem machucar. Meus pais por exemplo, são incríveis nessa arte. Eles conseguem me repreender com tanto amor e ternura que nem chego a perceber naquilo uma punição, pois parece, pelo contrário, só mais uma demonstração de carinho e ensinamento.

Se estivermos com o coração aberto, veremos que nossos pais estão sempre nos ensinando, de maneira afetuosa, até mesmo quando não nos damos conta disso, que o amor é o mais importante da vida. E é a partir desse amor que recebemos e conservamos em nós, que proporcionalmente, se manifesta nossa própria capacidade de amar.

É preciso ter aprendido esse amor para ser capaz de amar seu filho no momento em que ele faz aquelas birras que você mais odeia, quando ele lhe dá trabalho porque não está indo bem na escola, ou quando, irritantemente, se recusa a fazer algo banal e corriqueiro como escovar os dentes.

Outro dia estava conversando com um amigo que tem um filho pequeno. Ele estava muito triste, havia se separado fazia pouco tempo e me perguntou, com os olhos cheios de lágrimas, se eu sabia qual era a pior dor do mundo. Sem palavras e sem jeito, tomado pela emoção  do momento, respondi que não. Ele continuou, dizendo que a pior dor do mundo era, após ter se separado da esposa, no final de um domingo, depois de ter passado o fim de semana com o filho, ter de levá-lo de volta para a ex-mullher e vê-lo, da porta, entrar em casa de costas para ele. "Essa é, sem dúvida, a pior dor do mundo", repetiu.

Por isso precisamos aprender a amar nossos filhos até mesmo nas pequenas coisas aparentemente  chatas e irritantes, porque se tivéssemos que abrir mão delas sentiríamos uma falta atroz, uma dor insuportável.

Só o amor faz nascer o amor. É desse sentimento que recebemos de nossos pais que nasce o amor fraternal, não só o amor a nossos irmãos , primos e demais parentes, mas o amor que nasce em nós, independentemente dos laços consanguíneos, por aquelas pessoas com as quais passamos a conviver fora do ambiente familiar.

O que é a amizade senão uma das mais belas formas de amor fraternal? Não é à toa que dizem que os amigos são irmãos que escolhemos ter. Assim, precisamos ser capazes de amá-los como são. É necessário amar seu amigo quando ele está mal-humorado ou quando pisa na bola com você. É preciso amar os amigos que não conseguem agir como você acha que deveriam. São nesses momentos que o amor cresce e se consolida, fazendo você  também crescer como ser humano,

O amor é algo tão grandioso que se manifesta até mesmo por gente que você nunca viu. Esse talvez seja o amor mais caridoso, porque move a pessoa para a realização de algo maior, que não a beneficia diretamente -  nem a seus filhos, seu irmão ou seus amigos - , mas ao próximo distante, um próximo que ela pode nem conhecer pessoalmente, mas que cabe em seu coração. Um próximo  que ela acolhe e ama sem segundas intenções.

É aqui que você tem a oportunidade ainda maior de crescer como ser humano, porque uma das formas de ampliar a nossa capacidade de amar é enfrentar de peito aberto a experiência de ser o outro por alguns momentos. Schopenhauer dizia que "Nada na vida pode nos colocar mais dentro do outro do que o sofrimento."

Muitas vezes, mesmo sem conhecer determinada pessoa, você é capaz de comemorar com ela uma vitória ou compartilhar sua tristeza por alguma perda. É pelo amor fraternal que você consegue se conectar com alguém distante. Nesses momentos, você sente a dor ou a alegria dele. E, se pudesse, seria capaz de abraçá-lo amorosamente, como se o conhecesse há dez, vinte, trinta anos. Afinal, uma alegria dividida são duas alegrias e uma tristeza dividida é meia tristeza. 

Por isso amar é estar disposto a correr riscos, e estou falando de todo tipo de risco: de se decepcionar, de perder, de ser mal compreendido, de ser rejeitado, de ser traído, de ser surpreendido. Amor não é coisa para covardes! Roberto Trajan tem uma definição que aprecio muito; ele diz que amor não é apenas um sentimento, é muito mais que isso. Amor é decisão e compromisso.

O mais misterioso e belo disso é que existem lições que podemos ensinar, outras que podemos aprender, mas amar só se aprende amando. Por isso o amor jamais pode ser aprendido de maneira solitária - você só aprende a amar amando alguém.

Só que é fácil amar quando está tudo bem entre você e a pessoa que você ama. Mas você só aprende amar verdadeiramente se for capaz de manter esse amor mesmo quando as pessoas estão com raiva de você, quando falam palavras que machucam, quando ferem a sua alma. É nesse momento que você precisa demonstrar a força de seu amor.

Preste atenção. Se você guardar bem o que vou dizer agora, tenho certeza de que economizará muitos fios de cabelo branco e não carregará arrependimentos. As pessoas que você mais ama na vida, um dia, conscientemente ou não, pisarão na boa e feio com você. Aqueles que você mais admira, em algum momento, ainda vão chateá-lo profundamente. E não há nada de errado nisso. Um dia você vai amá-la e no outro corre o sério risco de odiar-la. Assim é a vida. Ninguém é tão bom quanto parece, nem tão ruim como demonstra ser. Todos erram e continuarão errando. Somos humanos imperfeitos.

Quando estamos nervosos, pensamos, falamos e agimos de forma inadequada, ficamos infantilizados, regredimos. A gente acaba agindo como um rebelde sem causa.

Lembra quando você era criança e ignorava as recomendações de sua mãe para que vestisse o agasalho? Ela insistia e, depois de perder a paciência, enfiava-lhe o casaco pescoço abaixo mesmo contra a sua vontade. Lembra que mesmo que estivesse sentindo frio você ficava nervoso, batia o pé e até ofendia sua mãe, se não era em palavras, pelo menos em pensamento, dizendo que ela era a pior mãe do mundo?

Tenho certeza de que, por mais que ela ficasse nervosa, com vontade de lhe dar umas boas palmadas, no minuto seguinte já estava tudo bem. Minha mãe puxava um assunto que nada tinha a ver com aquilo, algo que ela sabia que ia despertar minha atenção, aos poucos ela se aproximava de mim e, quando eu menos esperava, já estava ali no colo dela, recebendo cafuné, esquecido da briga.

É disso que se trata. Segurar a onde desses momentos conflituosos e desfrutar a alegria de perceber que, apesar deles, você continua amando e sendo amado. É claro que na relação entre pais e filhos isso parece mais fácil  porque sabemos no fundo do coração que, por mais que pisemos na bola, eles sempre estarão do nosso lado. São raríssimos os pais que deixam os filhos à própria sorte.

É evidente que numa relação a dois o risco de que a pessoa amada desista de nós é muito maior. A dinâmica não é muito diferente. Quantas pessoas, na hora da briga, pegam pesado com o parceiro, falam coisas que se imaginavam incapazes de dizer? E, acredite, muitas vezes aquilo que é dito é exatamente como estavam se sentindo naquela hora, mas só naquela hora. Difícil não é? Se conseguíssemos compreender e aceitar isso, no momento seguinte tudo voltaria a ficar bem, como ficava quando brigávamos com nossa mãe or causa de sua insistência em agasalhar contra a nossa vontade.

Quantas vezes as pessoas se magoam e se machucam em discussões sem sentido? A certa altura da discussão, reconheçam ou não, algumas até se perguntam: "Por que foi mesmo que começamos uma briga? "E a resposta é o mais puro vazio. Entro os casais essa é uma situação que se repente constantemente.

Por isso sempre digo que as pessoas deveriam criar um "arquivo morto"da relação. Não adianta, em qualquer briga, trazer à tona histórias que aconteceram há dez, vinte anos. Por isso é necessário conversar sempre, falar sempre do que incomoda, do que entristece. Não guardem "selinhos".

Eric Berne, psiquiatra canadense e fundador da análise transacional, criar a "teoria dos selinhos", segundo a qual cada lembrança negativa que uma pessoa guarda no coração é como se fosse um selo. Se você não fala a respeito, acaba, mais cedo ou mais tarde, explodindo, normalmente por uma besteira, porque o coração estava cheio demais de lembranças negativa.  

Para evitar que as pequenas chateações do dia a dia ganhem um peso que não têm, fala sempre sobre o que está incomodando, não deixe que as irritações se acumulem. Você pode dizer o que quiser, contanto que escolha bem a forma e o to a usar. Mesmo as verdades mais duras de ouvir podem ser compreendidas se ditas no tom certo.

E não podemos esquecer que somos diferentes. Somos semelhantes, mas não somos iguais. Quanto mais cedo aceitarmos isso, melhor será para as relações de amor que mantemos. E que bom que somos diferentes! É por isso que sentimos aquela química e prazer na presença do outro. Nosso desafio é, de fato, aprendermos um com o outro, nos complementando e nos nutrindo de nossas diferenças.

O amor é sustentado pela admiração e pelo respeito. O respeito é fundamental em qualquer relação humana. Mesmo quando temos diferentes pontos de vista, é preciso respeitar o outro. É por isso que algumas pessoas costumam dizer que se acabou o respeito, acabou o amor. Mesmo que isso não seja verdade, porque o amor verdadeiro nunca acaba ( se acaba é porque nunca existiu ), a falta de respeito é um forte indício de que a relação está fadada ao insucesso.

Muita gente ambiciona deixar para os herdeiros um patrimônio grandioso. Essas pessoas muitas vezes estão doentes pela falta de amor; concentram tudo na busca material porque não se deram conta  de que o que vale a pena é deixar um legado. e um legado verdadeiro se constrói com amor, com a maneira como tratamos as pessoas. Pense nas histórias que irão contar sobre sua passagem por este planeta. Um ser humano é feito de histórias. Viva as suas com muito amor e seu legado será eterno.

Conheço pessoas que falam diversos idiomas, mas não conseguem conversar com pessoas próximas porque nunca aprenderam a única língua verdadeiramente universal, que é a língua do amor. Lembre-se sempre que os relacionamentos se constroem de amor e que eles são a base da nossa vida.

A vida sem amor realmente não tem nenhum valor. O amor deve ser a prioridade do ser humano. É ele que nutre a alma. Jamais terá experimentado o saber da vida aquele que não amou.

Fico abismado com as pessoas sempre buscando "ganhar a vida", correndo atrás de algo que já está ganho. Todos ganhamos esse presente ao nascer, mas, infelizmente, muitos vão morrer sem ter aberto a embalagem e visto que esse presente tão especial, a vida, está recheado de amor.

Muitas vezes, lidamos com nossos relacionamentos como se eles fossem fardos a carregar. Buscamos um espaço na agenda para amigos e filhos, como fazemos com outra tarefa qualquer, quando, na verdade, os relacionamentos são o que temos de mais importante.

Precisamos cuidar de nossos relacionamentos. Não podemos sacrificá-los em nome do trabalho, ou aventuras, como muitas pessoas fazem. Você não pode permitir que isso aconteça.

Ter uma boa vida amorosa é essencial também para sua missão. Se você estiver realizado no amor, terá mais disposição para buscar seu propósito maior de sua vida. E se a pessoa que estiver ao seu lado der o apoio de que você precisa em sua jornal, tudo será ainda mais fácil e gratificante.

A pessoa com quem você compartilha seu amor não pode ser um obstáculo para a realização de sua missão. Em quase tudo na vida somos coautores, quase nada se realiza absolutamente sozinho.

Não é à toa que as empresas estimulam tanto as pessoas a trabalhar em equipe.  Se você pensar um pouco, ver'á que a humanidade é uma grande equipe, feita de outras equipes menores (países, cidades, bairros, igrejas, famílias, casais).

Quanto mais essas equipes estiverem alinhadas em valores e sentimentos, mais grandiosas serão as realizações. Mas ser uma equipe não significa que todos devem ser iguais e pensar do mesmo modo. Muito pelo contrário. É a soma das diferenças, nessa pluralidade extraordinária do Universo, que reside a grandeza da existência.