quarta-feira, 18 de março de 2015

Fugindo da guerra - O Diário de Anne Frank






Quando eu era pequena, passei boa parte da minha infância com meus avós maternos, que fugiram de Portugal para cá por conta da guerra.

Lembro-me uma vez de meu tio falar brincando, que na verdade, meu avô veio para o Brasil fugindo da minha avó, mas não deu certo pois ela pegou o navio seguinte risos...
Meus avós brigaram a vida toda, mais um não viveu muito tempo sem o outro.
Na verdade eu era muito grudada com meu avô, já minha irmã era o xodó da minha avó.
Vou te contar, a velhinha era brava aff.. pelo amor.
Lógico que eles evitavam em falar sobre a guerra para 2 crianças, mas minha avó uma vez comentou que foi uma época muito triste, muito sofrida.
A gente cresce, aprende as coisas e começa a entender melhor os fatos.
Hoje sei bem que fugiram dos nazistas, das injustiças, da pura desgraça que deve ter sido aquela época.
Mas lendo este livro, a sensação que tive foi de viajar para um pouco para uma época, tão triste, sofrida e real.
O desabafo de uma garota morta pelos nazistas após passar anos escondida no sótão de uma casa em Amsterdã.
Seu diário conta sobre os sentimentos de uma menina judia que, como sua família, lutou em vão para sobreviver ao Holocausto.
Anne Frank, escreveu o diário entre junho de 1942 e agosto de 1944. Ela o guardava para ela, como desabafo e esperava publicá-lo após a guerra. O diário era carinhosamente chamado de Kitty, Anne o tratava como uma amiga.
A primeira versão do diário de Anne Frank : The Critical Edition (1989) era totalmente sem cortes, citado como versão A, para distingui-lo do segundo, conhecido como versão B.
A última anotação de Anne, foi no dia 1 de agosto de 1944, 03 dias após esta data as oito pessoas que se escondiam no anexo foram presas. Miep Gies e Bep Voskuijl encontraram as folhas do diário e as guardaram, entregando posteriormente para seu pai Otto Frank, o único sobrevivente do Holocausto.
Ele leu as páginas, selecionou o material para publicar o diário conforme a vontade da filha.
Otto, organizou o material numa versão mais concisa, citada como versão C, leitores do mundo todo conhecem esta versão como O Diário de Anne Frank.
Foram criadas versões diferentes por vários motivos, primeiro o livro tinha que ser curto, para ser adequada a uma coleção publicada pelo editor holandês. Foram omitidos também passagens sobre a sexualidade de Anne, afinal a primeira publicação do diário foi no ano de 1947 e o livro seria lido por muitos jovens. Em respeito aos falecidos Otto Frank também omitiu passagens pouco elogiosas sobre sua mulher e outros moradores do anexo, sem contar que Anne escreveu o diário entre os 13 e 15 anos completamente sem reservas sobre as coisas que gostava ou não.
Quando morreu em 1980, Otto deixou os manuscritos da filha para o Instituto Estatal Holandês para a documentação de guerra, em Amsterdã. Como se questionava a autenticidade do diário foi necessário realizar uma profunda investigação. Assim que foi considerado autêntico publicou-se o diário na íntegra.
The Critical Edition contém as 3 versões, além de artigos sobre o passado da família Frank.
Muito triste saber que todo o período que passaram no anexo foi em vão como todos sabem, vale a leitura do diário para entender como transformaram o terrível período de 2 anos vivendo da maneira que era possível e ainda se consideravam pessoas de sorte por conta de estarem em uma situação mais privilegiada que outros.
Infelizmente em uma manhã de agosto  o anexo foi invadido e as pessoas escondidas foram presas.
Como único sobrevivente Otto H. Frank fundou Anne Frank Fonds, tornou-se responsável pelo legado de Anne. Desde a morte de Otto, em 1980 o trabalho a AFF continua com o seu trabalho com o objetivo de disseminar os escritos de Anne Frank e protegê-los de exploração ilegal.
A AFF é uma fundação sem fins lucrativos, regida pela lei da Suiça. Sua administração é feita por uma comissão de voluntários presidida há muitos anos pelo primo de Anne Frank.
A finalidade da AFF é promover trabalho de caridade em tributo a Anne e Otto, era um desejo explicito dele que tudo o que foi vivido, pudesse colaborar para um melhor entendimento entre diferentes culturas e religiões, encorajar a comunicação  entre jovens de todo o mundo e contribuir com a paz.
A maior parte dos recursos obtidos com as vendas deste livro são destinadas ao UNICEF.

Uma leitura que com certeza marcou minha vida, eu se pudesse hoje moraria na Europa, o Brasil está muito complicado.

Provavelmente assim como eu, muitos tem parentes, avós, bisavós que se refugiaram no Brasil amedrontados pelos nazistas.

Que bom que tudo deu certo e assim como os meus avós eles escaparam com vida!


Nenhum comentário:

Postar um comentário