domingo, 15 de março de 2015

Palhaçada!




Quando eu era pequena, tinha vários sonhos, que criança não tem?

Sonhava em ter um cavalo preto, em aprender a tocar piano, em ser campeã de natação...
Nos finais de semana, na casa do meu tio, lembro-me de alguns telefones de disco, já sem uso e ele deixava que eu e minha irmã brincássemos com eles.
Acredite, telefone naquela época era um investimento. A linha custava um absurdo, muitos tinha linhas alugadas.
Os preços das tarifas eram lastimáveis, tinham até horários e orelhões específicos para fazer o famoso DDD.
A casa do meu tio, que também era dos meus avós maternos, tinha muito mais conforto do que a nossa. Para nossa sorte, meu tio não tinha filhos, então todos os mimos eram para mim e para minha irmã.
Nossas férias eram divididas, uma parte na casa da minha avó, outra parte no sitio de um tio de minha mãe.
Acho que como eu sempre fui muito arteira, nunca tive sonhos de ter profissões de menina, tipo modelo, bailarina essas coisas, até porque eu sou super atrapalhada, não daria certo.
Minha irmã sempre falava que queria ser Obstetra.
Eu gostava dos circos. Achava mágico entrar nos lugares e ver aqueles palhaços com tão pouco fazendo todos se divertirem, não dá para comparar os circos daquela época com os de hoje né?
Aí, uma vez minha mãe me pergunta:
- O que você quer ser quando crescer? 
Na lata respondi: 
- PALHAÇA!
Minha mãe, sempre preocupada com o lado financeiro da coisa falou, não fala besteira menina!
Bem provável que quando alguns dos meus amigos lerem isso falarão: 
- Parabéns, você conseguiu!
Pois bem, vamos voltar no tempo...
Eu já trabalhei de tudo um pouco, já trabalhei de balconista, vendedora de loja de roupas, assistente de advocacia, assistente de contabilidade, secretariado, administração, dei aula para crianças...
Que eu adorava, mas o salário era de doer, por esse motivo cai para vendas novamente.
Tudo isso fora os bicos para ajudar nas despesas.
Vai, inventa de ir morar sozinha em São Paulo, quando se é adolescente, antes dos 18 para você ver.
Mas uma virginiana teimosa, não voltei atrás.
Com o tempo uma amiga me indicou em um grande distribuidor de software e hardware, lá fui eu, inicialmente em contas à pagar e receber, depois recursos humanos, vendas, etc...
Vendedor de TI acaba ficando conhecido no mercado, as propostas surgem e começam a dança das cadeiras, fui para uma revenda, tive um filho, troquei de revenda, me lasquei a empresa faliu....
Depois do nascimento do meu filho mais velho voltei para a revenda (com um salário bem menor), tudo de novo, até que cheguei uma hora que cansei e disparei um monte de email's procurando novos empregos.
Consegui em uma revenda pequena, onde um produto que eu nunca tinha ouvido falar era o carro chefe no mercado.
Aí pensei, como uma revenda tão pequena bate as outras no mercado nesse produto? Como consegue melhores condições comerciais, aí descobri... O fabricante do produto era no mesmo prédio.
Além da revenda o dono também tinha uma empresa de treinamento, do mesmo produto, que foi comprada pelo fabricante e na ocasião eles decidiram fechar a revenda.
Vai a Joana, na santa cara de pau que Deus me deu e pede emprego na caruda para o fabricante.
Conclusão fui contratada! Aí perguntei: É sério, assim? E o novo chefe responde é sério assim, a partir de segunda seu novo andar é de trabalho é o sexto.
Fiquei radiante, lá era uma empresa nota mil!
Nós literalmente vestíamos a camisa da empresa, todos sem exceção tínhamos orgulho de trabalhar lá.
Só que como toda empresa, com o tempo cresce é comprada e aí nem sempre essa energia boa se mantém.
Todos esses anos realmente me ensinaram a ser uma boa vendedora, a fazer um mapeamento, 7 steps, enfrentar maratona de eventos, pipeline, forecast, chefes irritados, comissões polpudas, comissões nem tão polpudas, pregões, contratos, prazos.
Sim tenho que admitir, tudo foi muito gratificante, mas voltando ao lado palhaça, lembro-me das festas do meu filho mais velho, que além dos comes e bebes, sempre contratava alguém para animar a pirralhada. 
Era cada facada que socorro e tudo em dinheiro. Eles nem recolhem impostos.
Aí te pergunto: Quem é palhaço, nós ou eles?
Antigamente os circos faziam a alegria da garotada, mas não tinham o encanto de hoje.
Talvez se eu tivesse continuado na educação física, um alongamento aqui, um pouco de tinta ali, junta um nariz de plástico vermelho...
Claro que pela minha falta de habilidade eu jamais conseguiria uma vaga em um Cirque du Solell.
Mas eles como todos os outros envolvidos nessa área tem todo meu respeito.
A vida hoje é muito boa para mim, eu graças a Deus tenho oportunidade de visitar muitos lugares, teatros e espetáculos, mas acho que nunca me esquecerei da minha primeira vez em Vegas, que nosso diretor da empresa premiou todos os que participaram da viagem para assistir o espetáculo "O"do Cirque du Solell.
Era tudo mágico!!! Realmente mágico! Fiquei encantada de cara com a cortina vermelha que some e no final volta do nada, quem já assistiu sabe o que estou falando.
O show nas águas, as acrobacias, os palhaços!!!
Ah que bom que alguém acreditou nessa profissão e resolveu investir nos palhaços.
Se for em Vegas, não perca, garanto que não irá se arrepender, se já viu, vale assistir de novo.
Talvez se eu tivesse sido palhaça eu não tivesse tantas oportunidades como tive, mas acredito que teria sido muito divertido.
Mais uma vez fica aqui a minha admiração e respeito a todos os palhaços, principalmente a galera que participa do grupo Doutores da Alegria, que entendem da arte de fazer sorrir e levam aos que mais precisam, deixando a vida mais leve.
Eles tem a melhor profissão do mundo, a de deixar as pessoas encantadas e felizes!

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